sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Mais um dezembro

Creio ter deixado tudo muito de lado ultimamente. As minhas maiores paixões estão guardadas numa gaveta cujo título é: "para depois". Larguei a escrita e dediquei meu tempo ao meu perfil trabalhador, labutando todos os dias nas duras esquinas dos "carteiras assinadas". Hoje, resolvi escrever. 

Entre uma taça de vinho e outra, lembro dos tempos áureos. Dos tempos em que nada me preocupava. Dos tempos em que a felicidade era simples, bastava estar com dinheiro para a cerveja. Hoje, a felicidade já não é tão simples. A felicidade depende... depende de muitas coisas. Uma delas: a aprovação dos alunos no vestibular. Sim, fico imensamente feliz por cada um deles; e extremamente triste quando a citada anteriormente não ocorre. Alguém pode dizer que eu explanei por aí ou por ali que eu me basto e sou feliz sozinha, e sou. Porém, outra parte de mim, depende da felicidade alheia sim. 


Mais um dezembro chega. E chego, eu também, à conclusão de que o tempo não muda. O que muda é o meu ponto de vista. E olha, como ele tem mudado. Cito uma excelente música do eterno Kid Abelha para mostrar como mudei: "mudanças no meu comportamento, distância louca de mim mesmo. Vontade de sentir o passado, presente para você.". Como mudei... os tempos vindouros são ainda mais propícios à mudança.


Em dezembro do ano passado, meu ideal era arrumar um bom emprego. Agora, 2012, não sei o que esperar como ideal para 2013... estranho isso...


Sim, são pensamentos espaçados e difusos...são pensamentos soltos...um exercícios que faço para que o cérebro despache tudo o que sinto... assim foi 2012 para mim: espaçado e difuso, vagaroso, doloroso. 


E só para constar... ainda não me refiz de tua falta. Serão cinco anos sem a tua linda e doce presença...


Como é difícil viver em você... 

sábado, 2 de julho de 2011

Aos Domingos

Todos os domingos ele levantava cedo, caminhava vagarosamente até o banheiro. Lá, retirava de si todos os fantasmas do passado e encarava-se de forma desleal em frente ao espelho. Não reconhecia a si próprio diante da imagem inóspita encontrada. Mal sabia que sua pobre ingenuidade lhe fora causadora de tamanha descrença.  Então, voltou-se à porta da cozinha e tomou seu desjejum. Olhava para todos os lados da casa. Ainda estava estupefato. Os últimos acontecimentos lhe deixara atordoado. "Senhor, o que causara-me tamanha angústia? Será que fora tudo um sonho ou uma terrível realidade?".

Colocou o terno que estava separado e pendurado em seu armário. Não era o terno comum. Não era um dia comum. Era Domingo. Domingo era sinônimo de "visita à casa do Senhor". Entrentanto, sabia ser aquele domingo bem diferente dos outros. Sua mente aturdida não lhe deixara raciocinar. Deu o nó da gravata. Apanhou os sapatos. Lágrimas escorreram-lhe pela face. Estava chorando?! Sim, parecia que sim.

Caminhou mais vagarosamente ainda à Igreja. Ao chegar, deparou com a cena mais terrível que poderia lhe acontecer. Tudo estava igual a como era antes. Todas as pessoas nos mesmos lugares, os mesmos rostos, as mesmas expressões, o mesmo Padre, as mesmas músicas da Campanha da Fraternidade. Porém, algo soava diferente em meio ao normal. Ele era o diferente. Ele já não se sentia como em todos os outros domingos. Por um instante, um breve instante, parou, olhou tudo ao redor e lembrou-se de quando aos domingos sua mãe repetira os mesmos gestos: acordava-o, dava-lhe café e dirigiam-se à Igreja. Sentavam no mesmo banco. Foi ali que ele conhecera sua esposa. Foi ali onde batizou seus dois filhos. O que poderia estar errado, então!?

Sentou-se no último banco da Igreja e pôs-se à pensar. Pensou durante toda a Liturgia. Não conseguia imaginar o que lhe havia acontecido. Seu coração urrava de tristeza. Sua mente latejava de tanta dor. Estava inquieto. Agradeceu à Deus, e ao mesmo tempo pediu-Lhe perdão, por ter acabado tão rápida a Missa.

Correu até em casa, trancou-se no quarto e foi, então, que o acontecido veio-lhe em cheio... não havia sido um sonho, era realidade! A mais pura e dolorosa realidade. Aquele que foi à Igreja, não era o mesmo que tinha ido dormir no dia anterior. A tristeza em seu coração, transmitida nas lágrimas derramadas durante a Missa, foi traduzida pela incredulidade estampada em seu rosto. Agora sabia! Agora lembrava! Agora poderia dizer, diante do espelho, o mal que o acometia.

Chorou como um menino quando descobriu-se incapaz de acreditar naquele fúnebre domingo. O terno que vestia era negro. As lágrimas em seu rosto eram de dor. O sentimento era de perda. O caixão que vira o tempo todo durante a Missa era o seu. No final das contas, descobriu ser mais um João em meio a tantos outros que são iludidos e enganados por pessoas falsas e, exatamente, por isso, resolveu matar o João e renascer um José.

Agora sabia quem, de fato, iria às Missas aos domingos...

domingo, 21 de novembro de 2010

Os denominados "amigos"

De repente, lá estava eu cercada por esse seres que denominamos "amigos". Nunca tive muitos, mas sempre confiei nos que tinha. Naquele dia, percebi o meu terrível engano...e que engano...
Pobre inocência! Santa ingenuidade! A vida prega cada peça na gente...

Descobri ser uma ilha! Não uma pessoa cercada de amigos, mas uma pessoa cercada de...enfim, descobri não poder contar com todos...a minha realidade? Tenho apenas dois grandes amigos fora da minha família! Os outros...bem, os outros me pareceram ser só os outros...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Invisível

Lá estava ela fazendo seu teste admissional. Não era complicado, ao contrário, estava simples demais. Ao seu lado, seu amor, sua amiga, sua colega. Ao redor, estavam contatos secundários. Após um tempo, uma aniversariante veio cumprimentar uma pessoa que estava ao lado da menina. Neste exato momento, aconteceu o "inacontecível", aquilo que, como um passe de mágica, se tornaria um fenômeno. A aniversariante reduziu a menina que fazia o testa à invisibilidade. Cena terrível. Era difícil de decifrar o que se passava na cabeça da menina que fazia o teste. Seu olhar murchou, sua auto-estima abaixou, ela se recolheu. A aniversariantre falou com todos, sorriu para tudo, mas a ignorância do ser que estava ali fazendo um simples teste, era total. E o pior, elas se conheciam. Elas tinham amigos em comum, porém uma foi reduzida ao nada.
A menina saiu dali cabisbaixa, sem saber o que fazer, olhando vagarosamente para todas as coisas. Pensava em como seria tudo mais fácil se nada daquilo tivesse acontecido. Seus pensamentos voavam, sua cabela girava, ela só queria chegar a sua casa e "morrer". Não uma morte comum e, sim, uma morte daquelas que significa "esquecimento". Queria esquecer, fato! Tudo o que ela queria era poder esquecer o último acontecimento.
Entrou na condução, deixou sua cabeça vagar por caminhos jamais vasculhados, aumentou o som de seu Ipod, fechou os olhos e desejou ardentemente que aquilo fosse um pesadelo.

Chegou à casa, tomou um banho, ligou o computador e resolveu escrever, para quem sabe assim, aliviar a tensão...

domingo, 12 de setembro de 2010

"Nem Margarida nasceu..."

Aahhh...jardim maravilhoso! Flores cresciam, a relva era linda, os animais corriam pelos verdes campos e os pássaros voavam livres. O jardim era lindo. Talvez não houvesse no mundo nenhum lugar tão aconhegante, esplêndido e resplandecente como aquele jardim. Tudo fazia sentido. Era a primavera.

Porém, nem só de primavera vive o mundo. Eis que um belo dia, chega o inverno. Frio, cruel, doloroso, inodoro, insípido e preto e branco. Talvez, cinzento. Um cinza quase...quase negro. O negrume tomou conta daquele jardim. A vida que passava por aquelas veias não mais corria ali. O sangue pulsante, vermelho intenso, não mais passaria ali. Você se foi. E deixou um jardim sem dono, sem cor, sem sentido, um jardim cinza, um jardim esperando a tua volta.

Naqueles campos dantes verdes, e agora tomado por um cinza invernal, não há mais vida, não há mais flor, não há mais verdes...só há o silêncio das coisas mortas...no jardim antes verdejante, no Jardim tão belo, se antes nasciam todas as plantas possíveis, hoje, "nem margarida nasceu"...

Um tempo chamado UFRJ

No iTunes a música CLOCKS toca e, de repente, eu me transporto para um tempo não muito distante. Um tempo em que eu comecei todas as mudanças em minha vida. Um tempo chamado UFRJ. Nos poucos minutos que a música leva para terminar, consegui reviver 4 anos e meio. Sorrisos, aflições, choros, abraços, ansiedades, festas, enfim, tudo. Já não sou mais quem eu era. Já não reconheço aquela pessoa de antes. Não me vejo mais com todos aqueles atos. Menina jovem, boba, sem preocupações. Minto! A única preocupação era rever todos os amigos semanalmente. Fácil de se enganar. Adolescente. Mal estava começando a minha vida. Escondia-se atrás de uma máscara. Era nova.

Era o primeiro dia de aula. Não sabia exatamente o que me esperava, além do famoso trote. Senti-me leve e muito alegre ao ser pintada dos pés à cabeça. Foi divertido pedir dinheiro na rua. O que eu não sabia era que ali estava começando uma fase nova, difícil e de auto-afirmação na sociedade. Profissão difícil a minha. Ser professora nos tempos de hoje exige muito mais do que se pensa. (Ou não).

Durante todos esses anos, encontrei pessoas que levarei para a minha vida toda e outras que fiz questão, por vontade própria, de deixar pelo caminho. Destas, não guardo coisas boas. Guardo lembranças de um passado remoto com elas. Algo longuíquo que não mais me pertence. Em minhas lembranças, estas pessoas só retornam após um esforço demasiado de minha memória. Tenho pena do meu cérebro.

As mudanças em si, começaram a partir da segunda semana de aula. Preocupações, estudos, choppadas. Esse era o meu novo universo. Minha vida social, antes ampla, agora começava a estreitar-se de uma maneira não pretendida. Passei a trabalhar. No campo "vida social", quase não havia tempo hábil para nada. Deprimia-me a mim está situação. Estava presa em um casúlo. Sem sarcasmos, eu sairia dali uma borboleta.

As coisas mudaram de fato, após a minha viagem para São Paulo. Quando regressei ao Rio, já não era eu mesma. Decidida. Estava disposta a muda tudo. Entretanto, mudei forçosamente por questões pessoais da faculdade. Eu estava no meio de um turbilhão de sentimentos e não sabia. Pessoas espalhavam a minha vida pessoal tal qual a água se esvai pelo ralo. Estava exposta como uma fratura. Amedrontada. Coisa que raramente me acontecia. Sempre fui muito reservada e naquele momento, um quarto da faculdade sabia mais da minha vida do que de mim. Triste fato. Estas pessoas fiz questão de esquecer e retirá-las do meu convívio. Foi a melhor coisa que fiz. Nos anos seguintes, poderia dormir feliz e sem a rude presença delas.

Muita coisa mudou. Todos te julgam pelo teu comportamento e pelo estereótipo. Já que é assim, que assim seja. Mudei o visual. Cortei os cabelos bem curto, passei a vestir as roupas que me agradavam. Deixei toda aquela visão tosca de adolescente de lado e comecei a crescer. Questões maiores me preocupavam. Até o rumo do meu trabalho mudou. Sentia como se a vida fosse retirada de mim a cada dia trabalhado. Meu trabalho não valia a pena. Gente comendo gente, literamente. A vida me nocauteava a cada momento. Estava em um ring e não sabia. Em três rounds, beijei a lona.

Um deles, o primeiro e maior, a morte de minha madrinha. Jamais me recuperei. O Fundão foi meu maior companheiro. As bebedeiras e os vários cafés no Burguesão também. Tirando a morte dela, os outros eventos configuram-se momentos maravilhosos nas lembranças.

A melhor coisa que a UFRJ me acrescentou foram as mudanças advindas dos climas vividos na Praia Vermelha. Novas amizades, novas experiências. E eu descobri o meu amor pela UFRJ. Eram os últimos anos da graduação. Fui acolhida numa faculdade nova. E tive oportunidades reais que nunca tivera no Fundão. Extensão, responsabilidade. Literalmente, do casúlo saí. Voei feito uma borboleta liberta pela vida. Não havia mais máscaras, não havia mais as pessoas chatas, não havia mais necessidade de me forçar a esquecer ninguém. Este era o resultade de 4 anos e meio: a transformação de uma adolescente em adulto.

Agora, com novas responsabilidades, sinto falta de todas essas coisas. Acordei com uma certa nostalgia. Nostalgia pesada, densa, corroendo a minha alma e apertando meu coração. Precisava escrever para relembrar todos esses momentos, ainda que alguns ruins. Contudo, precisava deixar escrito que foi na UFRJ que eu me conheci, me encontrei, apaixonei-me por mim e pela minha vida. Sinto saudades...muitas saudades...em breve estarei lá e de volta outra vez...

Apaixonei-me por ti e "fiz da minha vida a minha eterna namorada".

domingo, 15 de agosto de 2010

Transformações

Ela acordou cedo como de costume. Tomou seu desjejum e foi para o trabalho. No escritório, em frente ao monitor, parou para pensar uns minutos e sentiu que algo mudou desde a noite passada. Era sensações incomuns. Aquele encontro fizera bem para ela? Por que o incomodo? Por que aquela sensação?
O fato era o de que Carla não conseguira dormir desde que conhecera aquela menina. No auge de seus 32 anos, jamais pensara em ter filhos algum dia. Sentia a plena juventude de uma adolescente de 17 anos. Não queria se prender, por isso, não casou, o que dirá ter filhos! Não! Era um absurdo pensar naquele "serzinho" levantando as mãozinhas para ela. Sorriu por uns instantes. Seu chefe a trouxe de volta à realidade.
Em meio aos relatórios, propostas, processos, ela não conseguia mais imaginar a sua casa tão vazia. Vazia em termos, uma vez que seus amigos eram figuras presentes e as festas também. Era uma mulher bem sucedida na vida. Mas, faltava alguma coisa. Melhor: agora faltava uma coisa. Ela não queria admitir que sabia o que era. Ela preferia fechar os olhos e imaginar as festas, as confraternizações, as noites em claro, enfim, qualquer outra coisa que não dissesse respeito ao "serzinho".
Tentou concentra-se novamente. Inútil. Ligou para duas amigas, procurou almoçar tranquilamente. Porém, não se continha. A todo momento pensava no que poderia ser a sua vida com aquele pequeno ser. Por horas ela pensou. Decidiu-se.
Saiu às pressas do escritório e correu para o mesmo local do dia anterior. Nunca na vida atingira o limite de velocidade permitido naquela via. Hoje foi diferente. Quase levou uma multa. Enquanto dirigia, um sorriso lhe cobria o rosto.
Chegou. Coração batendo forte. Pediu permissão para entrar e perguntou pela "criaturazinha". Antes que pudesse terminar a pergunta, a "criaturazinha", ao vê-la, correu em disparada, abriu os bracinhos e a abraçou com toda a força que lhe era permitida. Carla fechou os olhos, sorriu e a apertou. Todos estavam comovidos com aquela cena. Carla, enfim, sabia o que o futuro lhe reservava. Quando todos acharam que a cena já havia acabado, o "serzinho" olha profundamente para a "adulta", expressa um sorriso e, singelamente, diz "mamãe". As barreiras da "adulta" se desfizeram. Então, ela soube o que estava lhe faltando. Ela queria uma família para chamar de "dela". E o "serzinho" era só o começo para a grande transformação que a sua vida teria. Carla nunca mais seria a mesma.